A Tiamina no tratamento de Doenças autoimunes
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Embora a deficiência dessa vitamina (B1) Tiamina tenha sido avaliada como erradicada há muito tempo, estudos de caso mostram que a suplementação com esse nutriente melhora a fadiga em pacientes autoimunes em questão de dias.
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Um dos problemas mais registrados que afetam pacientes com doenças autoimunes é uma fadiga debilitante.
Embora as vitaminas do complexo B, envolvidas na metilação confirmem bastante essa conexão, a vitamina B1, ou tiamina, atrai muito menos atenção e é as vezes esquecida nos tratamentos de doenças autoimunes.
A importância da tiamina
A Vitamina B1, é uma vitamina solúvel em água que atua na conversão dos alimentos em energia.
A forma ativa da tiamina, conhecida como pirofosfato de tiamina ou difosfato de tiamina, é um cofator essencial em duas vias do metabolismo de carboidratos mediadas por enzimas.
O ciclo de Krebs, por exemplo, é uma via metabólica central na mitocôndria que participa da degradação oxidativa de monossacarídeos e outros nutrientes, que gera energia celular na forma de trifosfato de adenosina (ATP) para ser usado em uma série de reações celulares que exigem energia.
A inibição das duas principais enzimas do ciclo de Krebs para a qual a tiamina é um cofator, o complexo piruvato desidrogenase (PDH) e α-cetoglutarato desidrogenase (alfa-KGDH), leva à diminuição dos níveis cerebrais de ATP.
E isso pode levar:
- A degradação da Dopamina;
- Interrompe a síntese da bainha de mielina do nervo;
- Impede a produção do neurotransmissor Acetilcolina;
- Reduz os níveis de GABA.
Bem, os efeitos da degradação da Tiamina são bem abrangentes.
Problemas relacionados a deficiência de tiamina
A deficiência de tiamina não apenas causa disfunção mitocondrial, mas também resulta em estresse oxidativo, que é um gatilho para a perpetuação de doenças autoimunes.
Vitamina B1 na doença inflamatória intestinal
Os resultados de um pequeno estudo piloto sobre o uso de tiamina em pacientes com doenças inflamatórias intestinais, incluindo doença de Crohn e colite ulcerosa, que apresentavam fadiga e sintomas extra-intestinais persistentes.
Os pacientes, todos com níveis normais de vitamina B1, no início do estudo, foram tratados por via oral com tiamina, em dose definida empiricamente, com ajuste baseado no peso da pessoa e de acordo com a remissão sintomática.
Todos, exceto dois dos pacientes, exibiram uma regressão completa da fadiga e, nos dois restantes, foi observado uma regressão quase completa.
Além disso, 100% dos pacientes relataram regressão completa dos sintomas associados à fadiga.
Surpreendentemente, a maioria dos pacientes também apresentou melhora na função intestinal, com redução acentuada no número de episódios de diarreia.
Tiamina na tireoidite de Hashimoto
Outra série de relatos de casos publicados no Journal of Alternative and Complementary Medicine narra o uso de tiamina em pacientes com Hashimoto, que apresentavam sintomas persistentes como fadiga, depressão, ansiedade, perturbação do sono, perda de memória e concentração, pele seca e intolerância ao frio, apesar dos parâmetros tireoidianos normais.
Os pacientes, todos com níveis sanguíneos normais de vitamina B1, antes do tratamento, receberam tiamina oral ou por via parenteral.
Nos dois pacientes que receberam tiamina oral, uma regressão completa da fadiga ocorreu em 3 a 5 dias, enquanto a fadiga regrediu em 6 horas no paciente que com a terapia com tiamina intramuscular.
Conclusão dos estudos
Embora os estudos de caso tenham uma classificação baixa na hierarquia de dados baseados em evidências e enfatizem a necessidade de pesquisas de maior qualidade, o mecanismo que liga a deficiência funcional de vitamina B1 à fadiga autoimune é tão plausível que os autores do estudo afirmam:
“Embora mais estudos sejam realizados para confirmar nossos achados, acreditamos fortemente que nosso estudo representou uma contribuição importante para o alívio de muitos pacientes.”
Conforme indicado pelo estudo piloto de doença inflamatória intestinal em que todos os pacientes exibiam níveis normais antes do tratamento, mas ainda respondem favoravelmente à suplementação de vitamina B1, os exames laboratoriais de tiamina e pirofosfato de tiamina (TPP) que é a forma ativa de tiamina, podem não ter valor adequado na identificação funcional da deficiência de tiamina leve e moderada.
Também os pesquisadores consideram, que os sintomas de deficiência de vitamina B1 que apareceram nesses pacientes autoimunes em ambos os estudos, podem ser por defeitos enzimáticos que surgem ou à disfunção do mecanismo de transporte intracelular ativo da vitamina B1 do sangue para as mitocôndrias.
A administração de doses maiores de vitamina B1, por outro lado, pode ser capaz de contornar estas anormalidades, aumentando a concentração no sangue a níveis os quais o transporte passivo restaura o metabolismo normal da glicose e isso atua para melhorar os sintomas e a fadiga.
Segurança do uso da Tiamina
Na verdade, a tiamina não é tóxica para o corpo, mesmo em quantidades excessivas, e doses de até 3 a 8 gramas por dia têm sido usadas para tratar a doença de Alzheimer sem efeitos adversos.
Outras considerações para o uso de vitamina B1 incluem uma integração da suplementação com uma fonte de vitamina B de espectro amplo.
Da mesma forma, outro fator frequente em jogo é a deficiência de magnésio, uma vez que o processo de conversão da tiamina em sua forma metabolicamente ativa requer magnésio como cofator.
Portanto, uma deficiência de magnésio deve ser corrigida, pois uma hipomagnesemia pode mimetizar uma deficiência de vitamina B1.
Um potencial fator limitante do uso da tiamina é sua baixa biodisponibilidade e absorção mais lenta como suplemento, razão pela qual altas doses de tiamina são prescritas para certas condições médicas.
Para contornar esse problema, os pesquisadores desenvolveram a benfotiamina, um derivado lipofílico da vitamina B1 que se difunde prontamente através das membranas biológicas, causando os benefícios clínicos mais rápidos.
Portanto, o uso na forma de Benfotiamina pode ser mais indicado.
O que pode causar uma deficiência em Vitamina B1?
Os fatores que predispõem para deficiência de tiamina incluem:
- Desnutrição;
- AIDS;
- Alcoolismo;
- Obesidade;
- Procedimentos cirúrgicos gastrointestinais, como:
- gastroplastia vertical;
- cirurgia de bypass gástrico;
- colectomia;
- balão intragástrico
- Distúrbios psiquiátricos, incluindo:
- anorexia nervosa;
- bulimia.
- Certas condições médicas, como:
- pancreatite;
- doença renal;
- tireotoxicose;
- doença celíaca;
- câncer;
- SIBO;
- síndrome fúngica;
- úlceras pépticas;
- outros distúrbios gastrointestinais
Estão da mesma forma associados ao risco aumentado de deficiência de vitamina B1.
Certos fatores dietéticos, como excesso de carboidratos simples, também têm propriedades de esgotar a Vitamina B1.
Os carboidratos aumentam a necessidade da vitamina, pois a tiamina é um fator importante no metabolismo da glicose.
Assista meu vídeo sobre o porque usar a vitamina B1 na pandemia atual
FONTES E REFERÊNCIAS:
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23379830/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24351023/
- https://ods.od.nih.gov/factsheets/Thiamin-HealthProfessional/#en7
- https://www.metabolismjournal.com/article/0026-0495(72)90050-9/fulltext
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27696179/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29779823/