Carne Vermelha Causa Câncer, Demência e Doenças Cardíacas? A Verdade Revelada
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A carne vermelha tem sido alvo de muitos debates nos últimos anos. Muitos se perguntam: “Carne vermelha causa câncer, demência e doenças cardíacas?”.
Vamos mergulhar fundo nesse assunto e entender o que a ciência realmente diz.
Desvendando os Mitos Sobre a Carne Vermelha
Há uma crença popular de que a carne vermelha pode causar uma série de problemas de saúde. Mas, será que essa crença é baseada em evidências científicas sólidas? A resposta é mais complexa do que parece.
Pois é, muita gente tem essa crença, inclusive os apaixonados por um bom bife e até quem opta por não consumir.
O fato é que há uma enxurrada de informações desencontradas, ciências apresentadas de forma complicada, e ideologias de todos os lados.
Isso tudo deixa a gente meio perdido, não é mesmo?
Vamos mergulhar fundo nesse assunto de forma fácil e direta para entender todas as facetas e trazer as respostas baseadas em evidências científicas.
Estudos e a Carne Vermelha
Muitos estudos têm sido realizados sobre os efeitos da carne vermelha na saúde. No entanto, nem todos os estudos são criados igualmente.
A metodologia, os participantes e o tipo de estudo podem influenciar os resultados. Portanto, é crucial entender esses detalhes ao interpretar as informações.
Vocês já devem ter ouvido por aí que alguns estudos “provaram” que carne vermelha faz mal, certo?
Pode parecer estranho, mas nem toda ciência é igual. A forma como um estudo é conduzido, sua estrutura, quem participa, se é um estudo observacional, randomizado, ou até mesmo um estudo com animais, tudo isso influencia nos resultados.
É como se cada pesquisa fosse uma receita de bolo diferente, e os ingredientes e o modo de preparo podem alterar o resultado e o sabor final.
Então, é fundamental entendermos bem esses detalhes para interpretar corretamente as informações.
Porém, sei que para muitos de vocês, mergulhar nesses detalhes técnicos pode ser aborrecido um pouco complicado.
Pense comigo: nós humanos consumimos carne desde os primórdios da nossa evolução.
Mas, curiosamente, ela se tornou um dos alimentos mais debatidos e problemáticos do nosso prato.
Benefícios Nutricionais da Carne Vermelha
Vamos então desmistificar alguns pontos. A carne vermelha é uma excelente fonte de muitos nutrientes importantes, incluindo vitamina B12, niacina, selênio, ferro, zinco, cobre e potássio.
A carne contém uma série de substâncias bioativas e antioxidantes: creatina, carnitina, carnosina, taurina, glutationa, ácido linoléico conjugado (CLA) e ômega 3.
Um detalhe importante: tanto a vitamina B12 quanto a verdadeira vitamina A (em sua forma ativa, o retinol) – que é um potente antioxidante – estão presentes somente na carne.
Agora, a carne é uma fonte incrível de proteína para nós. Afinal, somos seres musculosos e, para manter essa musculatura, nada melhor do que consumir carne que em sua maioria, são músculos.
Claro, muitos dizem que feijões são ricos em proteínas, e eles até são, para padrões vegetais.
Mas eles carecem de alguns aminoácidos essenciais que a carne oferece em abundância.
Conforme envelhecemos, precisamos de mais proteína para manter nossos músculos em forma. E há um aminoácido especial, chamado leucina, que é fundamental para isso.
Os alimentos de origem animal são campeões em leucina, o que facilita a manutenção e construção muscular. Infelizmente, os vegetais não oferecem tanto desse aminoácido.
Carnitina
Já a carnitina é uma substância presente na carne que tem um papel fundamental no nosso corpo.
Imagine-a como um “taxi” que transporta combustível para a nossa “fábrica de energia”, conhecida como mitocôndrias.
Sem ela, nossas células simplesmente não conseguem extrair energia eficientemente. Ela também é essencial para a recuperação e reparo dos nossos tecidos.
Então, além de precisarmos de todos os aminoácidos essenciais – que são como os tijolos para construção das nossas proteínas, não apenas para os músculos, mas para todo o nosso sistema – também precisamos de outros elementos, como as vitaminas que já mencionei anteriormente.
Elas atuam como cofatores, e juntamente com a carnitina, garantem que nosso corpo tenha energia suficiente para funcionar da melhor forma possível.
Creatina
Um dos suplementos mais conhecidos e também importantes para quem está fazendo atividade física é a creatina.
Vocês já devem ter ouvido falar nela. E adivinhem? A carne vermelha é a melhor fonte de creatina.
A creatina vai ajudar a trazer tônus muscular e a melhorar a capacidade física também, além de muitos outros benefícios para o corpo, como melhora da cognição e da função cerebral e redução da fadiga.
Carnosina
E como estou aqui para compartilhar conhecimento, vamos falar de outro composto fantástico: a carnosina.
Esta é uma substância que a carne vermelha bovina tem em abundância. A carnosina é como um super-herói para nossos músculos.
Quando nos exercitamos, ela aparece para neutralizar a acidez nos músculos, causada pela liberação do ácido lático.
Por que isso é importante? Porque essa acidez pode interferir na quantidade de oxigênio no músculo e, graças à carnosina, o pH fica equilibrado.
Além disso, ela atua como antioxidante e auxilia na recuperação pós-treino e na saúde geral do corpo.
Então com todas essas informações vocês devem estar se perguntando. Por que demonizam tanto a carne, especialmente a carne vermelha?
Carne Vermelha e Doenças Cardíacas
Há algumas décadas, surgiram estudos afirmando que a gordura saturada presente na carne aumentava o colesterol, e logo, muitos pensaram: “Ah, então a gordura saturada da carne causa doenças cardíacas!”.
Esse pensamento dominou por muitos anos, mas, calma lá, as coisas não são bem assim! Lembra que falei dos estudos que podem ser problemáticos do ponto de vista de como são feitos e interpretados?
Enquanto alguns estudos mal desenhados condenavam a carne, uma revisão de mais de 72 estudos envolvendo mais de 600.000 pessoas mostrou que não há ligação concreta entre o consumo de gordura saturada e doenças cardíacas.
A doença cardíaca é uma questão multifacetada e vai muito além do simples colesterol.
Estamos falando de inflamação, açúcar elevado no sangue, triglicerídeos altos, homocisteína alterada e muitos outros fatores que contribuem para isso.
E aqui vai um ponto crucial: a doença cardíaca está mais relacionada à inflamação crônica.
Se você tiver muita inflamação, aí sim o triglicerídeo, que é um tipo de gordura, pode se tornar um problema.
E agora uma revelação que vai surpreender muitos de vocês: consumir gordura saturada não significa necessariamente que você aumentará os níveis de gordura no sangue!
Na verdade, os verdadeiros “vilões” nesse contexto são os carboidratos, amidos e açúcares refinados.
São eles que elevam as pequenas e densas partículas de LDL, contribuindo para um perfil lipídico prejudicial à saúde.
Então, antes de colocar a culpa na carne, precisamos olhar para toda a nossa alimentação e entender que os fatores que contribuem para as doenças cardíacas são complexos e diversificados.
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Diferenças entre carne vermelha não processada e carne vermelha processada
Muitos estudos não fazem uma distinção clara entre carne vermelha processada (como bacon, salsichas, presunto, nuggets, hambúrgueres prontos ) e carne vermelha não processada (como bifes e cortes frescos).
Por exemplo, em um estudo massivo que incluiu mais de 448.000 pessoas, a carne PROCESSADA foi associada a um maior risco de mortalidade, principalmente devido a doenças cardíacas, enquanto a carne vermelha não processada, não mostrou qualquer associação.
Carne Vermelha e Demência
Quanto ao consumo de carne e demência? Primeiramente, é preciso entender que a carne tem um potencial favorável para a saúde cerebral.
Muitos fatores contribuem para isso, especialmente as vitaminas do complexo B presentes nela.
Essas vitaminas são fundamentais para a produção de neurotransmissores, como serotonina, dopamina, noradrenalina e outros.
Estes são mensageiros químicos que fazem a comunicação entre os neurônios, e desempenham funções essenciais para o nosso bem-estar, memória, aprendizado e muito mais!
Agora, para entendermos melhor essa relação, quero compartilhar com vocês um estudo que acompanhou mais de 493 mil participantes por uma média de 8 anos, foram identificados quase 2.896 casos de demência.
O que esse estudo revelou é muito interessante: a cada adicional de 25g/dia de carne PROCESSADA, houve um aumento no risco de demência.
Por outro lado, a adição de 50g/dia de carne VERMELHA NÃO PROCESSADA foi associada a uma redução no risco de demências.
Ou seja, a mensagem aqui é clara: enquanto carnes processadas podem aumentar o risco de demências, carnes vermelhas não processadas podem ser aliadas na prevenção.
A escolha do tipo de carne que consumimos faz toda a diferença!
Carne Vermelha e Câncer
Você já deve ter ouvido falar na ligação entre a carne vermelha e o câncer, em especial o câncer colorretal, esse é um tema controverso.
A classificação da OMS em 2015 fez manchetes em todo o mundo. No entanto, a palavra-chave aqui é “provavelmente”.
A evidência é menos conclusiva do que a mídia retrata. Em estudo de 2015 no PLoS One, os investigadores avaliaram as dietas de mais de 134.000 pessoas para determinar como o consumo de carne vermelha poderia impactar o risco de desenvolver câncer.
De acordo com o estudo, embora a carne processada estivesse associada a um risco aumentado de câncer colorretal, havia “poucas evidências de que uma maior ingestão de carne vermelha não processada aumentasse o risco.
Pessoal, muitos estudos não separam carne processada de não processada. Isso é essencial, já que os compostos potencialmente cancerígenos, ou que causam inflamação são frequentemente encontrados em carnes processadas, inclusive muitas dessas carnes estão repletas de óleos hidrogenados, gordura trans, conservantes químicos, e até carboidratos refinados e transgênicos.
Cozinhando de Forma Saudável
Mas existe um outro problema relacionado às carnes que pode ter um impacto na nossa saúde e que pode causar inflamação e ter relação com câncer e demências.
Vocês sabiam que o jeito como cozinhamos a nossa carne pode impactar em tudo isso?
Quando preparamos carnes e até outros alimentos em temperaturas super altas, podemos acabar produzindo alguns compostos que não são tão amigos da nossa saúde, como produtos finais de glicação avançada (AGE), aminas heterocíclicas (HA) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH).
Todos esses podem contribuir para o desenvolvimento da inflamação e câncer. Sabe aquela camada mais torrada que se forma nos alimentos?
É disso que estou falando. Quando cozinhamos em temperaturas mais amenas, como grelhar levemente ou cozinhar em panela, os alimentos preservam melhor suas propriedades e evitamos a formação de compostos que não são tão legais para nossa saúde.
E olha só, isso não vale só para as carnes, não! Se você ama um legume ou verdura grelhada, a mesma regra se aplica.
Agora, marinar a carne em suco de limão, alho ou vinho tinto antes de cozinhar é outra estratégia que também pode ajudar a prevenir a formação desses produtos químicos nocivos.
Bom, sei que algumas pessoas vão comentar que não se sentem bem comendo carne, principalmente carne vermelha.
Lembram que sempre digo que nem tudo é bom para todos. Podem existir alguns problemas acontecendo que fazem com que você tenha essa dificuldade na digestão da carne.
Primeiro, você precisa entender que existem três motivos principais para isso acontecer. O primeiro é relacionado ao ácido clorídrico do nosso estômago.
Ele é essencial para digerir proteínas, especialmente as da carne vermelha. Se você não tem o suficiente, pode sentir desconfortos.
E adivinhe? Muitas pessoas, principalmente à medida que envelhecem, enfrentam essa diminuição naturalmente. E a solução pode ser uma ajudinha extra na forma de cloridrato de betaína, que pode ser uma ótima aliada para melhorar a digestão da proteína, assim como incluir enzimas digestivas.
A segunda razão é o acúmulo de ferro no corpo, já que a carne vermelha é rica em ferro na sua forma mais eficiente.
O ferro é fundamental para nossa saúde, mas, em excesso, pode ser tóxico. E o detalhe é que nosso corpo não tem um mecanismo eficiente para eliminar o ferro extra.
Isso pode causar diversos problemas, desde inflamações até condições mais sérias como a cirrose do fígado.
Sintomas como dor de cabeça, fadiga ou insônia após comer carne podem indicar um excesso de ferro. E a terceira razão é que algumas pessoas podem ter alergia à carne vermelha. Nesses casos, sintomas como náusea, coceira ou vômito podem surgir após o consumo.
Então, se você tem algum desses sintomas após comer carne vermelha, é essencial conversar com um especialista para entender o que está acontecendo.
Carne de Gado Alimentado com Pasto vs. Carne Convencional
Carne de gado alimentado com pasto é muito mais saudável quando comparada à carne bovina convencional ou industrial.
Bem, essa carne vem de gado que tem uma dieta baseada em capim e outros alimentos naturais durante toda a sua vida.
E como sabemos, o que o animal come e como ele vive, influencia diretamente na qualidade do alimento que consumimos.
Além disso, esses animais não recebem antibióticos ou hormônios, tornando a carne muito mais natural.
A maior parte da produção brasileira de carne bovina é produzida ainda a pasto, sendo apenas 3% de todo o rebanho estimados para serem terminados em sistema intensivo (confinado).
Porém, ainda assim podem ser alimentados meio a meio, com ração e alimentação natural de pastagem.
Pensando em benefícios, a carne bovina alimentada com pasto leva vantagem! Ela tem quantidades muito mais significativas de ácidos graxos ômega-3 e de vitamina A do que a carne alimentada com grãos.
Outro benefício é o CLA (ácido linolêico conjugado), que é um ácido graxo e uma das substâncias que compõem o que se chama de gorduras ou lipídeos.
Nas duas últimas décadas, numerosos benefícios à saúde foram atribuídos ao CLA, incluindo ações para reduzir o risco de câncer, de aterosclerose, diabetes e massa corporal gorda.
Os estudos demonstraram que a carne do gado a pasto tem de 200 a 500% mais CLA em proporção aos ácidos graxos totais do que a carne de gado com dieta baseada principalmente em grãos e que são confinados.
E como eu sei se a carne foi produzida a pasto ou qual foi o modo de produção? Ainda há poucas iniciativas que diferenciem a carne produzida a pasto da carne proveniente de confinamento.
Isto ocorre porque, nas produções em escala, o gado se mistura quando chega ao frigorífico e, assim, fica difícil diferenciar.
No entanto, atualmente, alguns produtores estão destacando nas embalagens esse diferencial como uma vantagem.
Uma dica é que, visualmente, a gordura da carne de boi a pasto é mais amarelada, por causa da vitamina A, enquanto a carne proveniente de confinamento possui gordura mais esbranquiçada. Então, quando for escolher sua carne no mercado, lembre-se dessas informações.
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Muito obrigado pela sua atenção. Um grande abraço e um beijo no seu coração. Você é fera!
Estudos
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33748832/
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- https://link.springer.com/article/10.1007/s00394-019-01978-7