Porque carboidratos são solução para uns e veneno para outros?
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Uma questão que deve estar confundindo a cabeça de muita gente é em relação aos carboidratos que hoje são retratados como vilões e isso faz muitos nutricionistas tradicionais que não seguem a linha funcional torcerem o nariz.
Como é que podem existir visões tão antagônicas, tão diferentes, a respeito de um assunto que deveria ser consenso?
Você pode estar se perguntando porque seus pais e avós pareciam não ter problemas com alimentos como arroz e batata no passado e hoje parece que essas comidas engordam muito mais.
A maioria das nutricionistas hoje em dia, ainda trabalham basicamente com carboidratos usando como base a pirâmide nutricional tradicional, em que as farinhas e amidos estão na base da pirâmide.
Porém muitos outros, como eu, defendem a alimentação low carb.
Enquanto isso, no mundo fitness, o padrão ainda é comer de 3 em 3 horas, com muita proteína e carboidrato.
Então nesse artigo a minha missão e tentar desfazer essa confusão e esclarecer aqui que todos podem estar certos dentro de seus pontos de vista diferentes, dependendo de cada situação.
Estudos e fatores de mudanças
Teve um estudo nos anos 50, conduzido pelo epidemiologista Ansel Keys que demonizou as gorduras e priorizou o consumo dos carboidratos.
Esse estudo equivocado, que usou apenas dados de poucos países, enquanto estavam disponíveis muito mais localidades, levou a conclusões erradas que tem relação direta com a epidemia de obesidade dos dias atuais.
O fato é que os carboidratos de 50 anos atrás eram bem mais saudáveis, porque as plantas não eram geneticamente modificadas, não estavam tão cheias de metais tóxicos e pesticidas, o teor de glúten era bem menor, e tinham muito menos alimentos industrializados.
Hoje se você somar todas as fontes de carboidratos, associados a alimentos industrializados cheios de gorduras artificiais altamente maléficas, muito açúcar escondido e vários poluentes ambientais que imitam o estrogênio, tudo isso junto tem um efeito cumulativo que potencializa os efeitos dos carboidratos de um jeito que não acontecia no passado.
Eu vou aqui discutir dois padrões fisiológicos básicos
O padrão A que se enquadra na minha visão padrão que ajuda a maioria das pessoas que estão hoje doentes e que é a visão da medicina e nutrição funcional.
E o padrão B que se enquadra mais na visão dos nutricionistas tradicionais e também os esportivos.
Padrão A
Para o cidadão comum, que não malha, está intoxicado, fica o dia inteiro sentado, se estressa demais e dorme de menos, a carga hoje considerada padrão de carboidratos passa a ser demais, porque esse individuo tem intolerância a carboidratos.
O que deveria ser o nome verdadeiro das condições que a gente hoje chama de resistência insulínica, pré-diabetes e diabetes.
Então a dieta padrão para essa pessoa, que está acima do peso, deveria ser a cetogênica ou low carb.
Para esse público em especial até mesmo as frutas doces, que são cheias de nutrientes, são um problema.
Nesse grupo a insulina em excesso é veneno e leva a inflamação crônica e muitas doenças.
Assistam meu vídeo sobre síndrome metabólica, é mais longo mais vale muito a pena.
Padrão B
Já para a pessoa que está fisicamente ativa, menos intoxicada, menos estressada e dormindo relativamente bem, essa pessoa precisa comer muito carboidrato se quiser ganhar mais massa muscular, já que a insulina que para o indivíduo do padrão A é veneno para o padrão B é solução porque ela tem sensibilidade a insulina e essa insulina será usada para fabricar músculos.
Essa pessoa vai se beneficiar em comer de 3 em 3 horas e pode “descer o sarrafo” no arroz e na batata.
Perceba que não falei aqui macarrão e pão, porque esses alimentos hoje em dia tem glúten demais e tem ação inflamatória no intestino, abre demais a barreira intestinal. Também não falei de açúcar e docinho que é ruim para todo mundo.
Então um dos meus principais trabalhos dentro do consultório hoje em dia é transformar as pessoas do padrão A para o B.
Essa transformação leva em média de um a dois anos para acontecer, o que é muito tempo para os padrões de imediatismo atuais, mas é a realidade.
Quando a pessoa vira o padrão B ela passa a tolerar boa parte da carga de carboidratos hoje considerada padrão nos nossos hábitos culturais.
Infelizmente muitas pessoas por questões de não conseguirem mudar os hábitos, o que é mais comum, ou raramente por genética muito ruim, não conseguem fazer essa transição.
A individualidade bioquímica tem que ser respeitada, e o acompanhamento de um bom profissional nesses casos é fundamental.
É por isso que a água com limão ou o vinagre de maçã é tão bem falada pela maioria das pessoas mas sempre tem aquele grupo que não vai se dar bem com isso e vai falar que é porcaria.
Não é porcaria, é para isso que existe médico e nutricionista, hoje essas profissões precisam trabalhar com ações personalizadas.