Benefícios a longo prazo de terapias não medicamentosas para dor crônica
Estudo com veteranos de guerra mostra benefícios a longo prazo de terapias não medicamentosas para dor crônica.
Um novo estudo interessante, porém observacional, baseado na revisão de registros de saúde de veteranos de guerra, constatou que as terapias não medicamentosas ministradas aos militares com dor crônica, são mais efetivas e podem reduzir o risco de resultados adversos a longo prazo, como transtorno de álcool, drogas e lesões auto-induzidas, incluindo tentativas de suicídio.
A equipe do estudo revisou os registros de saúde de mais de 140.000 soldados do Exército que relataram dor crônica após seu envio ao Iraque ou Afeganistão de 2008 a 2014.
Os tipos mais comuns de dores crônicas foram: desconfortos nas articulações, problemas nas costas e no pescoço e outros problemas envolvendo músculos ou ossos.
Os pesquisadores controlaram a duração dos cuidados, se o Veterano de guerra havia sido exposto a terapias medicamentosas antes e por quanto tempo recebeu opioides.
Eles também tiveram o cuidado de observar se os estudados que receberam tratamentos não medicamentosos eram mais saudáveis no seu dia-a-dia, para que isso não influenciasse no resultado final.
A dor crônica é frequentemente tratada com opioides prescritos. Especialmente em doses mais altas e maior tempo de uso, os opioides têm sido associados a um maior risco de reações adversas a longo prazo, transtorno por uso de substâncias e lesões autoinfligidas, como overdoses de opioides e tentativas de suicídio.
Enquanto em serviço, os soldados receberam terapias não medicamentosas que incluíam:
- Acupuntura
- Agulhamento seco
- Biofeedback
- Tratamento quiroprático
- Massagem
- Terapia por exercícios
- Terapia com laser
- Manipulação espinhal osteopática
- Estimulação elétrica dos nervos
- Ultrassom
- Tratamento térmico superficial
- Tração lombar
- Fisioterapia.
A maior diferença foi observada em relação ao envenenamento com opioides ou outros analgésicos: aqueles que receberam terapias não medicamentosas tiveram 35% menos efeitos adversos e graves do que aqueles que não receberam essas terapias enquanto estavam no serviço.
Os soldados que receberam tratamentos não medicamentosos, também estavam em menor risco no futuro para esses resultados adversos: lesões autoinfligidas, tentativas de suicídio e transtornos por uso de álcool ou drogas.
Como o estudo foi apenas observacional, com base em dados de tratamentos anteriores e questionários e não incluiu um ensaio clínico randomizado, ele não mostra causa e efeito – apenas uma associação.
Os pesquisadores usaram um método chamado propensity matching, que lhes permitiu analisar as diferenças e semelhanças entre os soldados que receberam terapias não medicamentosas para dor e os que receberam tratamento com opioides, para tentar minimizar os efeitos dessa variável.
A principal pesquisadora, Dra. Meerwijk explica que os soldados que receberam terapias naturais, sem medicação, tiveram menos dores, portanto, tiveram menor risco de resultados adversos de medicações.
“Também podemos estar vendo um efeito genuíno de terapias não medicamentosas, independentemente se os soldados usarem opioides ou não”, diz ela.
“Se os tratamentos não medicamentosos tornam a dor crônica mais suportável, é provável que eles tenham experiências mais positivas na vida. Isso os tornam menos propensos a terem pensamentos suicidas, a terem efeitos adversos de medicação ou usarem drogas”.
Fonte:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31659663