Biofilmes – A razão que pode estar fazendo seu tratamento não dar certo e seus sintomas persistirem
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Conheça a importância dos Biofilmes em sua saúde.
É muito comum ver em consulta pacientes complexos que passaram em vários médicos convencionais e tentaram todas as opções para lidar com sua condição, sem sucesso.
Muitas vezes, até mesmo médicos que olham para o todo, e se pegam com protocolos, medicações ou mesmo suplementos que parecem inúteis para o tratamento de certas condições.
Geralmente são pacientes que estão lutando com algum tipo de “doença misteriosa” que causa sintomas vagos como fadiga, dores crônicas, confusão mental e problemas intestinais e digestivos por anos.
No entanto, pesquisas inovadoras em um campo de rápido crescimento da medicina podem ter uma resposta – oferecendo percepções críticas sobre os problemas crescentes em torno de “doenças misteriosas ou de difícil tratamento”.
O que são os Biofilmes?
Biofilmes são barreiras físicas que se formam em torno de infecções, tumores e outras áreas de lesões e doenças no nosso corpo.
Podemos dizer que representam uma estratégia de sobrevivência do próprio corpo: isolar áreas problemáticas para que não se espalhem.
Mas, ao mesmo tempo, os biofilmes criam uma espécie de escudo que impede que medicamentos, agentes terapêuticos e o próprio sistema imunológico cheguem até a área afetada para, de fato, trata-la.
É por isso que, apesar dos tratamentos agressivos, muitos pacientes não melhoram – até que os biofilmes sejam tratados também.
Parece complexo e doido, não é? Mas, vamos entender melhor.
Como se forma o biofilme e a sua estrutura
Muitas estruturas de biofilme no nosso corpo são formadas por colônias de diferentes micróbios nocivos como uma estratégia de sobrevivência fundamental desses próprios organismos.
Isso incluem:
- H. pylori;
- Espécies de Candida e outros fungos;
- E. coli;
- Placa dentária e outras espécies microbianas;
- Até de parasitas.
Efeitos prejudiciais graves
Esses micróbios secretam uma substância como um gel que se liga a açúcares e proteínas, metais pesados, minerais e outras substâncias no corpo para formar uma armadura pegajosa e pró-inflamatória, e atrás delas toxinas, bactérias, fungos e parasitas podem se esconder.
Por isso os biofilmes:
- Interferem na desintoxicação e na absorção de nutrientes;
- Promovem e protegem infecções ocultas;
- Criam placas arterioscleróticas;
- Fornecem às células cancerosas um lugar para se esconder!
Essa “proteção de biofilme” são muito mais resistentes às terapias antimicrobianas e também são capazes de sentir o que está acontecendo ao seu redor e se tornam mais invasivos quando o hospedeiro está fraco.
Existe uma proteína em nosso corpo que contribui significativamente para a formação de biofilmes: a proteína pró-inflamatória chamada galectina-3 (Gal-3).
Esta proteína de ligação pegajosa é presente na circulação em resposta a doenças, infecções, lesões, estresse, envelhecimento e outros fatores, mas subsequentemente, ela se torna um impulsionador de inflamação crônica silenciosa e longa, crescimento e metástase de tumor, fibrose e supressão imunológica.
Como lidar com os biofilmes?
Lidar com biofilmes representa uma abordagem estratégica importante para resolver infecções persistentes, bem como câncer e outras doenças inflamatórias crônicas.
A melhor maneira de lidar com biofilmes é com agentes anti-biofilmes específicos e terapias de desintoxicação que ajudam a quebrar as estruturas do biofilme e permitem que outros tratamentos – convencionais ou complementares – atinjam seu alvo.
Alguns dos suplementos que ajudam a quebrar os Biofilmes
Pectina Cítrica Modificada (MCP)
É um suplemento de desintoxicação e proteção que bloqueia a proteína pró-inflamatória galectina-3.
A Pectina cítrica é encontrada nas cascas de frutas cítricas, como limões, limas e laranjas. É chamada de pectina cítrica modificada (MCP) porque a pectina foi modificada para que seja mais fácil para o corpo absorvê-la no intestino.
Pesquisas em andamento nos últimos 25 anos mostraram que o MPC pode reduzir o crescimento e metástase das células cancerosas.
Também é demonstrado que beneficia o sistema imunológico, reduz a inflamação e a fibrose, remove toxinas e metais pesados e oferece suporte a várias áreas importantes da saúde.
Enzimas proteolíticas e probióticos
As formulações avançadas de enzimas são frequentemente usadas para quebrar e dissolver a matriz do biofilme.
As enzimas proteolíticas para fim de atuar nos biofilmes, são geralmente administradas com o estômago vazio, antes de administrar uma terapia antimicrobiana específica, inclusive para tratamento do SIBO resistente e doença de Lyme – sejam agentes farmacêuticos, botânicos ou ambos.
Exemplos de enzimas proteolíticas que atuam no biofilme incluem:
- Proteases fúngicas;
- Bacterianas, como a Serrapeptase e a Nattokinase;
- De plantas, como a bromelaína e papaín;
- Proteases do estômago (pepsina);
- E as do pâncreas (tripsina e quimotripsina).
Enzimas proteolíticas, como nattoquinase e serrapeptase, são escolhas boas para usar em conjunto com tratamentos com antibióticos e / ou antimicrobianos para garantir que os biofilmes sejam destruídos e o tratamento seja eficaz.
Assista meu vídeo sobre enzimas proteolíticas
Os probióticos são administrados separadamente, de acordo com cada caso; eles exercem efeitos protetores para ajudar a saúde digestiva e restaurar o equilíbrio do sistema digestivo.
Kelps
Os alginatos de Kelp, derivados de algas marinhas, também conseguem quebrar biofilmes formados por bactérias gram-negativas.
Os alginatos são frequentemente usados em protocolos de saúde do trato gastrointestinal e também como parte das fórmulas de desintoxicação (para ajudar a remover toxinas e infecções microbianas no trato GI.).
Cogumelo Coriolus versicolor (Turkey Tail)
Pesquisas mostram que certos cogumelos comestíveis podem oferecer importantes atividades antibiofilmes e antibacterianas, inibindo a formação de biofilmes por bactérias comuns e evitando formem estruturas e colônias complexas.
Das variedades testadas, o cogumelo Coriolus versicolor, mostrou a maior atividade antibiofilme e antibacteriana, além dos inúmeros benefícios adicionais ao sistema imune.
Curcumina
A cúrcuma e seu constituinte ativo primário, a curcumina, parecem ser um dos compostos naturais mais diversos e benéficos atualmente conhecidos pelo homem.
Uma revisão do estudo de 2014 reconheceu a curcumina como um eficaz antibacteriano, antifúngico, antiviral e antiparasitário.
Além dos benefícios anti-patógenos, a curcumina também foi considerada significativamente eficaz em interromper o biofilme.
Outro estudo de 2013 descobriu que, de 35 diferentes compostos observados, a curcumina se tornou um dos seis principais agentes desreguladores de biofilme.
Vinagre de maçã
Outro grande desregulador do biofilme é o vinagre de maçã. Foi demonstrado que o ácido acético do vinagre de maçã mata bactérias indesejáveis enquanto também corta biofilmes em infecções crônicas.
Embora sejam necessárias mais pesquisas sobre o ácido acético para esse efeito, o vinagre de maçã pode ser uma adição barata e eficaz a um protocolo de erradicação de biofilme.
Orégano
O óleo de orégano tem sido usado por um longo tempo para erradicar naturalmente patógenos indesejáveis do trato gastrointestinal.
O bem estudado componente ativo do orégano, o carvacrol, tem uma longa lista de benefícios documentados para o corpo.
Em termos de erradicação do patógeno, o carvacrol demonstrou inibir bactérias, vírus, parasitas e fungos resistentes a antibióticos.
Além disso, foi demonstrado que este poderoso composto também inibe a liberação de toxinas nocivas liberadas por esses patógenos, incluindo biofilmes.
Alho
O alho é um alimento poderoso. Não apenas o componente ativo alicina tem a capacidade de destruir bactérias resistentes, mas também inibiu a formação de biofilme.
Acredita-se que a formação de biofilme se baseie em um processo de comunicação bacteriana denominado quorum sensing.
O sensor de quorum é como as bactérias se comunicam, avaliam seus arredores e decidem o momento perfeito para se espalhar.
Para as bactérias, este é um importante mecanismo de sobrevivência. Para os humanos, isso pode ser um grande problema.
Quando o sistema imunológico fica fraco, surgem oportunidades para que esses tipos de infecções se espalhem rapidamente.
Felizmente, a alicina no alho demonstrou interromper esse processo de comunicação e o crescimento do biofilme.
Berberina
Foi descoberto que a berberina tem propriedades antidiabéticas e anticancerígenas, ao mesmo tempo que é um potente antimicrobiano com poucos efeitos colaterais.
É por isso que a berberina é um ingrediente-chave que eu uso com a maioria dos meus pacientes que estão tentando se livrar de patógenos no trato digestivo.
Carvão ativado
Embora o carvão ativado não esteja diretamente envolvido na quebra de biofilmes, é uma etapa crucial em um protocolo de quebra de biofilme.
Quando um biofilme é quebrado e compostos antimicrobianos destroem patógenos indesejados no intestino, uma carga massiva de toxinas é liberada.
Se não for devidamente absorvido e passado pelas fezes, a morte tóxica pode levar ao que é conhecido como reação de Herxheimer.
Isso ocorre quando as toxinas são despejadas parcialmente de uma área do corpo, mas depois começam a ser reabsorvidas se não forem removidas adequadamente.
Essa reação leva a sintomas desagradáveis de gripe e pode ser debilitante se não forem tomadas medidas para absorver e eliminar essas toxinas.
O carvão ativado é extremamente útil para absorver as toxinas da morte patogênica e eliminá-las pelas fezes.
Referências:
- https://drjockers.com/7-natural-agents-disrupt-biofilms/
- https://www.dreliaz.org/2020/10/the-ultimate-guide-to-modified-citrus-pectin
- https://blog.designsforhealth.com/biofilms-and-resistance
- https://www.dreliaz.org/2020/05/breaking-through-biofilms-the-hidden-barriers-to-optimal-health
Olá Dr.
Que matéria fantástica! Não conhecia sobre esse assunto, mais uma informação enriquecedora, principalmente porque há mais ou menos 4 anos meu marido apresentou na endoscopia, o hpilori.
Obrigada pelas informações
Fico feliz em ajudar.