Ácido fólico ou metilfolato? Qual tomar, prós e contras

Ácido fólico ou metilfolato? Qual tomar, prós e contras

Toda mulher grávida conhece o bendito ácido fólico que evita problemas na gestação do bebê. Mas existe uma outra versão mais avançada, o metilfolato.

Você conhece as diferenças? Leia o artigo ou assista ao vídeo até o final.

Vitamina B9 – Ácido fólico

Eu vou procurar te explicar da maneira mais simples possível, a diferença entre os dois e quando usar um ou outro.

O ácido fólico também é conhecido como vitamina B9, e é um dos nutrientes mais essenciais à saúde.

Ele em geral não falta na nossa alimentação, isso porque ele é adicionado em vários alimentos industrializados, como farinha de trigo, mas tem uma pegadinha importante que eu vou discutir logo adiante com vocês.

Mas para que serve o tal ácido fólico?

Ele nos ajuda a utilizar proteínas em nossos corpos, formar novas células sanguíneas e criar novo DNA. Serve para evitar um tipo de anemia.

Muitos estudos descobriram que o ácido fólico serve para a prevenção de defeitos do tubo neural em bebês, prevenção de doenças cardíacas, depressão, doença de Alzheimer e diabetes tipo 2.

Muitas pessoas que começam a conhecer as maravilhosas propriedades do ácido fólico geralmente pensam que quanto mais melhor, tanto na quantidade da dose quanto na duração da suplementação.

Mas na prática, para quem entende do assunto, não é bem assim.

Cuidados na administração

Existem possíveis efeitos colaterais negativos no uso de todas as formas de suplementação de ácido fólico. Portanto não é um suplemento que deva ser tomado de qualquer jeito e sem orientação profissional.

É fundamental exames laboratoriais específicos e acompanhamento competente, devido aos efeitos colaterais muito negativos que podem surgir.

É importante e necessário entender qual é a melhor forma para cada paciente.

Ácido fólico ou metilfolato – Mutação genética no gene MTHFR

Em um mundo perfeito não teria nenhum problema em só consumir o ácido fólico, seja o encontrado naturalmente em alimentos como o espinafre, seja a forma artificial nos alimentos fortificados.

O problema é que o ácido fólico precisa passar por 4 reações químicas para se tornar a forma ativa, o cinco-metilenotetrahidrofolato, também conhecido como metilfolato para os íntimos.

Bem, a pegadinha que eu mencionei antes é que pouco mais da metade da população tem uma mutação genética no gene MTHFR, que é o responsável pela enzima que faz a quarta e final reação química que gera o metilfolato.

E se a pessoa tem a mutação ela deixa de ser beneficiada em diversos graus pelos efeitos positivos do ácido fólico.

Complicações da mutação MTHFR

Tem quatro níveis diferentes de defeito nesse gene, que pode gerar quatro níveis distintos de deficiência de metilfolato.

Dependendo do grau dessa deficiência, pode aumentar muito o risco de diversas doenças graves, como câncer, doença coronariana, e doenças psiquiátricas.

Pessoas que tem defeitos maiores podem por exemplo ficarem deprimidas ou ansiosas por deficiência de dopamina ou de serotonina.

Isso porque acontece defeitos em algumas vias bioquímicas das mais fundamentais do nosso organismo, chamadas em conjunto de metilação.

A falta de metilação faz acumular na maioria das vezes um aminoácido chamado homocisteína, que é um marcador muito importante de inflamação.

Assista ao vídeo onde discuto com maior profundidade o que é metilação

Graus de metilação

As pessoas em geral podem ser divididas em três grupos, de acordo com o grau de metilação:

  1. Normometiladas
  2. Hipometiladas
  3. Hipermetiladas.

Normometiladas

As normometiladas são aquelas que tem a homocisteína abaixo de 10, como é o meu caso.

Hipometiladas

As hipometiladas são aquelas que tem defeito no MTHFR e metilam mal, como é o caso da minha esposa, minha cunhada e de meus filhos.

Hipermetiladas

E as hipermetiladas são as que metilam de forma exagerada.

Esse é o grupo mais raro.

Então qual é o problema em metilar demais ou de menos?

Tanto as pessoas que metilam demais como as que metilam de menos estão com problemas.

Isso porque a metilação é um processo essencial para a regulação epigenética, um processo que eu já discuti em dois vídeos anteriores.

Bem, resumindo, a metilação ajuda a silenciar genes, então se você hipermetila você silencia demais os genes e se você hipometila, silencia de menos.

As duas situações são ruins se os genes bons forem silenciados ou se os genes ruins forem ativados.

Individualidade bioquímica

Por isso que saiu um artigo dizendo que metilfolato em algumas situações pode dar câncer.

Nem silenciar demais nem silenciar de menos os genes é bom e precisa haver um equilíbrio.

É claro que nada é sempre bom para todo Mundo.

Tomando por exemplo a água com limão, uma coisa simples, você vai sempre ver gente dizendo que fez bem, a maioria, e uma minoria dizendo que fez mal.

A resposta é sempre: Depende! A questão está nos detalhes e na individualidade bioquímica.

Outros detalhes a considerar

Outras coisas devem ser levadas em consideração também. Alguns remédios comuns podem baixar bastante o seu nível de ácido fólico.

O pior deles é o imunossupressor metotrexato, esse baixa bastante os níveis de ácido fólico.

Outros remédios mais do dia a dia são:

  • Os anticoncepcionais orais, a famosa pílula para evitar filho;
  • Antibióticos bactrim e infectrim que tem trimethoprim na composição;
  • E o remédio para colite azulfim ou sulfasalazina.

As pessoas tomando esses remédios precisam repor ácido fólico ou metilfolato em conjunto.

O anticonvulsivante hidantal ou fenitoína precisa as vezes ter a dose ajustada para cima nas pessoas usando ácido fólico ou metilfolato.

Diferenças de tomar ácido fólico ou metilfolato 

As pessoas hipometiladas com mutação de MTHFR precisam obrigatoriamente tomar metilfolato no lugar do ácido fólico.

A dose vai depender do grau de mutação, se a mutação é:

  • Heterozigose única
  • Heterozigose dupla
  • A homozigose única
  • Homozigose mais heterozigose
  • E homozigose dupla.

Existem dois pontos do gene que podem ter trocas de bases nitrogenadas, eu não vou entrar em detalhes para não complicar.

Mas isso também não quer dizer que todos devam tomar somente o metilfolato.

Quando tomar ácido fólico ou metilfolato

Muitas pessoas passaram a acreditar que a forma metilada é a melhor forma a ser ingerida para uma saúde ótima, independentemente de seu estado de metilação e outros desequilíbrios bioquímicos.

Porém isso não é correto. Se a sua homocisteína for abaixo de 6, isso significa que você é hipermetilado, metila demais.

Nesse caso, se você precisar de repor o nutriente por algum motivo, o mais indicado é o ácido fólico ou folínico, porque o metilfolato pode piorar mais ainda a hipermetilação, ou seja, o excesso de metilação.

Exame genético do MTHFR

O certo seria que todo mundo fizesse o exame genético do MTHFR, assim como eu e minha família já fizemos.

O problema é que os planos de saúde não cobrem, apesar da mutação ser tão comum.

Pressione seus representantes no congresso para que exijam que o SUS e os planos cubram esse exame.

Ele só precisa ser feito uma vez na vida, então o custo adicional não é tão significativo assim.

Alimentos mais ricos em ácido fólico

Mas você pode estar se perguntando, quais são os alimentos mais ricos em ácido fólico?

  • As folhas verdes escuras, como espinafre, couve, nabo e alface;
  • Os aspargos, o brócolis, as frutas cítricas e leguminosas;
  • Abacate, quiabo, sementes e nozes.

Comentário final

Aqui cabe um comentário final, existe uma corrente de pensamento que não concorda que o exame MTHFR seja relevante ou necessário, e que ele representa uma via de metilação secundária.

Isso vai totalmente contra o que aprendi em vários cursos dentro e fora do Brasil.

E contra o que observei na minha prática de médico e até dentro da minha própria casa.

E considero os argumentos contra bem fracos. Mas não podia deixar de mencionar isso aqui.

Dr. Alain Dutra
Dr. Alain Dutrahttps://artigos.alainuro.com
Dr. Alain Dutra é médico urologista. Além dos aspectos tradicionais de uma consulta médica, busco avaliar a sua vida como um todo, para entender onde seus hábitos de vida (sejam esses alimentares, de exercícios ou níveis de estresse) estão contribuindo para o seu atual estado de saúde.

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